O Custeio de
um Produto Industrializado é uma tarefa que não é das mais simples.
Principalmente se a empresa não possuir processos bem definidos e um sistema
ERP que possibilite apurar e apropriar as diversas despesas que precisam ser
apontadas para o produto, além de todo o custeio direto da matéria-prima e da
mão de obra incidente.
O custeio
nasce na engenharia, onde é montada a estrutura
do produto com a qual se mede quanto de matéria-prima é necessária para a
composição do produto e o roteiro de
fabricação no qual está definido quanto tempo é necessários em cada um setores
ou centros produtivos.
Para tanto é
necessário:
1)
Todas despesas precisam ser corretamente
apuradas no módulo contábil através
do plano de contas e rateadas nos
centros de custos;
2)
Os centros de custos podem ser produtivos ou não
produtivos. No caso dos produtivos irão compor os custos indiretos de
fabricação e nos casos dos não produtivos irão compor os custos administrativos
que precisam posteriormente ser rateados para os produtivos;
3)
A folha
de pagamento também tem papel muito importante pois os funcionários que
executam atividades diretamente relacionadas com a produção dos produtos da
empresa devem ter seus custos associados aos centros de custos produtivos. Os
demais funcionários devem estar alocados aos centros de custos indiretos;
4)
Como estas composições é possível definir um MLC – Mapa de Localização de Custos,
onde estão discriminadas todas as despesas existentes na empresa e apropriadas
proporcionalmente nos diversos centros de custos através de chaves de rateio ou
de lançamentos diretos nos mesmos;
5)
Através do MLC se apura o custo hora para cada
setor ou centro produtivo a partir dos centros de custos que estão associados;
6)
Este custo hora, que pode ser hora/homem ou
hora/máquina, dependendo da característica do setor ou centro produtivo vai ser
apropriado para cada produto pronto ou semiacabado de acordo com tempo estimado
para a produção do mesmo em cada fase da produção;
7)
Para o correto custeio da matéria-prima e
componentes utilizados na produção, deve ser utilizado o método de custeio por aquisição que busca a
última compra de cada item abatidos os créditos de impostos e somado custo
financeiro e frete de compra. Depois de gerado este custo é necessária uma
revisão manual a fim de detectar casos de itens que estão no estoque há muito
tempo e já tem nova lista de preço do fornecedor, além de casos de compras
efetuadas com preços distorcidos fora da regra geral;
8)
Além disso é necessária uma estrutura bem
montada, observando-se as corretas unidades de medida para itens pais e filhos.
Sempre deve ser observada a regra: “Quantos filhos para fazer um pai”;
9)
Dentro de toda esta lógica ainda precisam ser
tratados os casos de industrializações efetuadas por terceiros que possuem um
custo por unidade ou por lote e que devem estar consideradas no roteiro de
fabricação ou na estrutura conforme o caso;
10)
Com todos estes passos montados é possível então
o cálculo do custo interno, ou CPV – Custo dos Produtos Vendidos ou
ainda CMV – Custo das Mercadorias
Vendidas que retratam o custeio
padrão ou previsto para o produto e que é importante para análises
gerenciais e para a formação de preço de venda;
Ainda é possível ir mais além calculando o Custo Real dos produtos prontos e semiacabados.
Para tanto é
necessário:
1)
O custo
médio das matérias-primas e componentes que já utilizado para a valorização
dos estoques;
2)
Os apontamentos
para estoque das ordens de produção com todos os ajustes de consumo com
perdas, retrabalhos, itens substitutos e outras variáveis;
3)
Os apontamentos reais de tempos através do
módulo de SFC – Shop Floor Control –
Controle de Chão de Fábrica;
Com isso se obtém o real consumo de matéria-prima e componentes e de
tempo para cada ordem de fabricação,
sendo possível valorizar ordem por ordem e posteriormente valorizar até mesmo o
estoque dos itens produzidos pois a lei permite para as empresas que possuem um
custeio real e bem apurado. O custo padrão não pode ser utilizado para este
fim. Quando a empresa não possui custo real, deve utilizar cálculos
pré-definidos na legislação com base em um percentual da matéria-prima ou do
preço de venda conforme o caso. Em algumas situações estes cálculos podem
onerar o estoque criando um valor acima da realidade gerando impostos maiores
em caso de empresa que recolhe imposto de renda pelo lucro real.
Além disso de posse de ambos os custos, o padrão e o real, inúmeras
análises são possíveis a fim de detectar perdas, desvios, baixa competitividade
em algumas linhas, etc. Empresas que não possuem um custo correto tem uma
formação de preço de venda equivocada fazendo com que alguns produtos de sua
linha acabem subsidiando outros que na realidade dão prejuízo. Às vezes a
geração de caixa da empresa está sadia e o empresário e o gestor não se dão ao
trabalho de calcular corretamente seus custos. Quando vem uma crise ou aumenta
a competitividade em seu segmento, se veem em apuros pois não tem dados
confiáveis para que comercial tome decisões corretas de vender ou não vender
por um determinado preço. Quando obtém os dados, muitas vezes se surpreende e
percebe que está concentrando atenção em linhas de produtos ou para clientes
que geram prejuízo para seu negócio.
Enfim, as análises de custos além de cumprirem um importante papel
legal são estratégicas para qualquer indústria. Montar um custo em planilha
excel e basear-se no mesmo para decisões vitais é muito perigoso para a
sustentabilidade do negócio e cedo ou mais tarde a empresa vai pagar um preço
alto por esta prática.
Luís Fernando Massenz
Administrador e Consultor em TI